Escrever para melhorar a leitura
É engraçadinho o meme, mas a realidade é a seguinte: eles não leem o que fotografaram. Eles não copiam no caderno depois. Parece papo de professora velha e tradicionalista. Nunca me opus a fotografarem o que escrevo na lousa — ainda mais agora, em tempos de “o que está escondendo, sua delinquente doutrinadora? — , mas costumo orientar meus alunos a não serem hipócritas consigo próprios: para que tirar foto da lousa, se não farão o registro no caderno? Quando faltar espaço na memória do celular, as fotos serão apagadas.
Deixo aqui um artigo para a reflexão. Nele, aborda-se apenas a troca da escrita à mão pela digitação. Acontece que nossos alunos do Ensino Médio não fazem nem uma coisa, nem outra.
Posso estar muito enganada, mas ainda não obtive indícios do contrário: os exames institucionais demonstram QUEDA na capacidade de interpretar textos, quando se acompanham os alunos no período do 6º ano ao ensino médio. Isso não faz sentido, pois com o passar do tempo o repertório léxico-textual dos alunos se amplia. E o que acontece, então? Eles não escrevem.
Leia um trecho do artigo:
“Um conjunto recente de pesquisas na área da neurociência, no entanto, sugere uma reflexão acerca dos efeitos devastadores do computador sobre a tradição da escrita em papel. Por meio da observação do cérebro de crianças e adultos, verificou-se de forma bastante clara que a escrita de próprio punho provoca uma atividade significativa mente mais intensa que a da digitação na região dedicada ao processamento das informações armazenadas na memória (o córtex pré-frontal), o que tem conexão direta com a elaboração e a expressão de ideias. Está provado também que o ato de escrever desencadeia ligações entre os neurônios naquela parte do cérebro que faz o reconhecimento visual das palavras, contribuindo assim para a fluidez na leitura. Com a digitação, essa área fica inativa. “Pelas habilidades que requer, o exercício da escrita manual é mais sofisticado, por isso põe o cérebro para trabalhar com mais vigor”, explica a neurocientista Elvira Souza Lima, especialista em desenvolvimento humano. Isso só vem reforçar à complexidade do problema sobre o qual as escolas estão hoje debruçadas”.
O problema da educação brasileira concentra-se antes no comportamento desta geração do que na questão pedagógica.